As hormonas têm um papel muito importante no bom funcionamento do organismo, afetando em grande parte o funcionamento de todos os órgãos.
As hormonas que são segregadas pela tiróide têm uma função essencial no controlo do metabolismo, atuando na forma como as células utilizam a energia, consomem oxigénio ou produzem calor.
O hipotiroidismo ocorre quando a tiroide tem uma produção deficiente de hormonas. Pode ser uma doença crónica, ou pode manifestar-se em episódios agudos, mas afeta sobretudo as mulheres a partir dos 30 anos, por cada homem há quatro mulheres que sofrem com a doença.
Em Portugal 10% da população sofre de doenças da tiroide e estima-se que 3% da população em geral sofre de hipotiroidismo, mas mais de metade não sabe que tem a doença. Uma das razões para isso é a incapacidade de identificar a doença através dos sintomas, já que estes são muito variados e podem ser facilmente confundidos com outras doenças ou alterações corporais.
Saiba mais sobre o hipotiroidismo, como identificar a doença e qual o tratamento mais adequado neste artigo.
O que é o Hipotiroidismo?
O Hipotiroidismo desenvolve-se quando há um mau funcionamento da tiróide e esta glândula não produz hormonas em quantidade suficiente para o normal funcionamento do organismo.
A tiroide faz parte do sistema endócrino e está localizada junto à traqueia, no pescoço. Este órgão é responsável pela produção de duas hormonas: triiodotironina e a tetraiodotironina que por sua vez são responsáveis pela gestão da energia nas células, ou seja, pelo metabolismo.
A produção destas hormonas é regulada por outra hormona: a TSH que é produzida na hipófise. Quando as duas hormonas produzidas pela tiróide têm níveis baixos, o volume de TSH aumenta na circulação sanguínea, servindo assim como um equalizador dos valores hormonais no sangue.
O hipotiroidismo ocorre quando a produção das duas hormonas é baixa e pode manifestar-se como uma ocorrência aguda, um curto período de tempo, ou de forma crónica.
A doença pode afetar todos os órgãos do organismo, se não for tratada, já que a função da tiróide é essencial ao funcionamento de todas as células. Em casos extremos, perturbações no seu funcionamento podem levar a problemas cardíacos, coma e até mesmo à morte.
Quais as causas do Hipotiroidismo?
As causas da doença são muito variadas e pode abranger muitas influências tão diferentes como a falta de iodo na alimentação ou doenças inflamatórias.
Estas são algumas das causas:
- Tiroidite autoimune: em alguns casos o sistema imunitário ataca a tiroide provocando o seu funcionamento deficitário.
- Hipertiroidismo: por vezes a tiroide faz o posto e produz hormonas em excesso, nesta situação estamos perante o hipertiroidismo. Esta situação obriga à tomada de medicamentos para estabilizar a produção, o que pode levar à situação inversa e a tiróide deixa de produzir as hormonas em quantidade suficiente.
- Cirurgia: a intervenção cirúrgica na glândula pode afetar a sua capacidade de produção hormonal, o que leva o doente a ter que fazer substituição hormonal.
- Radioterapia: este tratamento cancerígeno pode afetar o funcionamento da tiróide.
- Fatores congénitos: uma malformação, ou interferências no desenvolvimento da tiróide no útero, durante a gravidez, pode deixar marcas e provocar hipotiroidismo mais tarde.
- Medicamentos: alguns medicamentos como o lítio podem interferir com o funcionamento da tiróide.
- Perturbações na gandula hipófise: esta gandula é responsável pela regulação das hormonas no organismo, se a sua função está perturbada por lesões ou pela existência de cancro, nomeadamente na produção de TSH, pode dar origem ao hipotiroidismo.
- Insuficiência de iodo: o baixo consumo de iodo na alimentação, que pode ser encontrado no marisco e peixe, pode prejudicar a produção das hormonas da tiróide e consequentemente ao hipotiroidismo.
- Doenças inflamatórias: a inflamação da glândula pode afetar a sua produção hormonal e desencadear o hipotiroidismo.
Qual é o tratamento das Hipotiroidismo?
O tratamento para o hipotiroidismo faz-se sobretudo com fármacos. A dose dos medicamentos varia de doente para doente dependendo da gravidade da doença e a fase de vida em que o doente se encontra.
Os medicamentos contêm as hormonas em falta de forma sintética e a sua toma, normalmente diária, deve ser acompanhada pelo médico endocrinologista, que vai baseando a sua recomendação nos exames clínicos e nos resultados das análises periódicas aos níveis hormonais.
Se o hipotiroidismo ocorrer durante a gravidez, por exemplo, as doses têm que ser aumentadas em diferentes estádios.
A medicação consegue corrigir totalmente o déficit das hormonas no organismo, mas a vigilância médica é importante porque podem ser necessários alguns ajustes nas doses ao longo do decurso da doença, já que quantidades baixas ou elevadas de hormonas a circular no organismo podem ter efeitos colaterais como insónias, palpitações, tremores ou aumento de apetite.
Os efeitos do tratamento costumam surgir entre uma a duas semanas depois do seu início e o efeito abrange não só os níveis hormonais, mas também outros efeitos provocados pela doença, como o aumento de peso ou o nível de colesterol no sangue.
Por vezes é adotado o sistema de substituição hormonal progressivo para dar ao organismo a possibilidade de se ir adaptando aos níveis hormonais que levam a um metabolismo mais acelerado.
Alguns alimentos, suplementos ou mesmo outros medicamentos podem afetar a capacidade do organismo para absorver as hormonas do tratamento, por isso é importante informar o médico da existência destas situações. Alimentos com grandes quantidades de soja, ricos em fibras ou suplementos de ferro e cálcio podem afetar o tratamento e a sua eficácia.
Quais os sintomas da hipotiroidismo?
Os sintomas podem ser muito similares a outra doença e podem também variar de intensidade, dependendo do grau de gravidade e do tempo de evolução da doença.
O leque de sintomas pode ser tão variado como:
- Oscilação de peso acentuada
- Níveis altos de colesterol
- Alterações de apetite
- Fadiga
- Tremores
- Palpitações cardíacas
- Olhos salientes
- Nódulos no pescoço
- Cansaço
- Cabelo ressequido
- Palidez
- Queda de cabelo
- Dores e cãibras musculares
- Pele rugosa
- Dificuldades de concentração
- Problemas de memória
- Sonolência
- Depressão
- Irregularidade menstrual
- Prisão de ventre
- Inchaço no corpo
- Fragilidade das unhas
- Perda de expressão facial
- Voz rouca e dicção lenta
- Pálpebras descaídas
- Intolerância ao frio
- Confusão mental
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito pelo médico endocrinologista com base nos sintomas e nos resultados dos exames clínicos.
O médico irá averiguar a duração dos sintomas, a sua frequência e intensidade. O médico irá depois solicitar a realização de testes sanguíneos para verificar os níveis hormonais quer da tiróide quer da hipófise.
Poderá também pedir a realização de uma ecografia ao pescoço, caso existam nódulos para que possa verificar as suas caraterísticas e tamanho.
O diagnóstico é confirmado pelos resultados dos testes sanguíneos. O médico poderá ainda solicitar outros exames complementares para melhor definir o tratamento.
Quais as complicações?
A complicação mais grave que pode ocorrer se o hipotiroidismo não for tratado é o coma e eventualmente a morte.
Outras complicações podem também surgir:
- Desenvolvimento de bócio: a estimulação frequente da tiroide pode levar a um aumento muito acentuado do seu tamanho, o que traz dificuldades para engolir ou mesmo respirar.
- Problemas cardíacos: o hipotiroidismo pode levar a um aumento de colesterol o que por sua vez pode desencadear o aparecimento de doenças do foro cardíaco.
- Alterações da qualidade de vida: a doença pode provocar depressão e outros problemas psicológicos como a falta de memória ou dificuldade de concentração, o que por sua vez tem um relevante impacto na qualidade de vida do doente.
- Neuropatia periférica: as deficiências hormonais podem levar à existência de danos nos nervos periféricos, o que provoca fadiga e perda de controle dos músculos.
- Mixedema: é uma complicação que afeta sobretudo a pele e os tecidos, resultando de um hipotiroidismo grave e prolongado. Apresenta-se com letargia profunda e pode levar à inconsciência e coma.
- Infertilidade: os desequilíbrios hormonais provocados pelo mau funcionamento da tiroide podem ter impacto na ovulação e consequentemente infertilidade nas mulheres.
- Problemas congénitos: os bebés nascidos em mulheres com problemas no funcionamento da tiróide têm um maior risco de desenvolver problemas de desenvolvimento nos fetos e a existência de malformações à nascença. As crianças com hipotiroidismo congénito não tratado correm também o risco de apresentar problemas no seu desenvolvimento físico e mental.
A hipotiroidismo tem cura?
Com o tratamento adequado e atempado, os níveis hormonais tendem a voltar ao normal facilmente.
Nos casos de hipotiroidismo crónico a substituição hormonal terá que existir durante toda a vida do doente.
Como podemos prevenir a hipotiroidismo?
Uma prevenção consistente e pré-determinada não é possível de implementar. A melhor forma de prevenir um quadro mais grave é fazer check-ups médicos regulares e testes sanguíneos para verificar o funcionamento da tiroide e os seus níveis hormonais.
Conclusão
O hipotiroidismo é uma doença impactante na qualidade de vida das pessoas, que pode afetar a autoestima, a capacidade para o trabalho e a vida pessoal.
A fadiga, sonolência, aumento de peso, depressão e problemas nas articulações e músculos, são alguns dos sintomas da doença e que podem pertencer a outros quadros patológicos, por isso muitas vezes a doença não é detetada atempadamente o que pode levar a situações mais graves ou outras complicações.
Ser mulher, ter 60 anos ou mais, ter uma doença autoimune e ter feito radioterapia são alguns dos fatores de risco da doença. Sendo o distúrbio autoimune da tiroide uma das causas mais frequentes para o aparecimento do hipotiroidismo.
Esta é uma doença em que o diagnóstico precoce e o tratamento atempado podem fazer toda a diferença na vida do doente. Neste sentido, as mulheres principalmente devem fazer testes regulares à função da tiróide, sobretudo a partir dos 65 anos, já que um episódio agudo nesta idade pode levar a que a doença se transforme num distúrbio crónico, sendo o acompanhamento e aconselhamento médico importantes para encontrar o tratamento mais adequado.
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Referências:
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