Muitas pessoas que começam a chegar a uma idade mais avançada perguntam-se o que as espera e quais serão alguns dos problemas de saúde comuns que terão que enfrentar à medida que vão envelhecendo e como poderão lidar bem com as inevitáveis transformações.
Sabe-se que o envelhecimento aumenta o risco de surgimento de doenças crónicas, como doenças cardíacas, diabetes tipo 2, artrite, cancro e demência. No entanto, adotar e manter alguns comportamentos essenciais pode ajudar os idosos a viver mais tempo e com mais saúde.
Mudanças comportamentais no sentido de procurar o que é mais saudável podem ajudar os idosos a viver de forma mais independente, o que é importante para a sua qualidade de vida.
Uma vida mais longa traz oportunidades, não só para os idosos e suas famílias, mas também para as sociedades como um todo.
Os anos adicionais proporcionam a oportunidade de realizar novas atividades, como continuar os estudos, iniciar uma nova carreira ou dedicar-se a uma paixão há muito negligenciada. Os idosos também contribuem de várias maneiras para suas famílias e comunidades.
No entanto, a extensão dessas oportunidades e contribuições depende muito de um fator importante: o estado de saúde do idoso.
Alguns estudos sugerem que a proporção de vida com boa saúde tem permanecido praticamente constante, o que implica que os anos adicionais são vividos com saúde precária.
Se as pessoas poderem viver esses anos extras com boa saúde e se viverem num ambiente favorável, a sua capacidade de fazer as coisas que valorizam será pouco diferente da de uma pessoa mais jovem.
Se esses anos adicionais forem dominados por declínios na capacidade física e mental, as implicações para os idosos e para a sociedade serão mais negativas.
Os ambientes físicos e sociais podem afetar a saúde diretamente ou por meio de barreiras ou incentivos que afetam as oportunidades, as decisões e os comportamentos de saúde.
Manter comportamentos saudáveis ao longo da vida, particularmente uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física e a abstinência do tabaco, contribui para reduzir o risco de doenças não transmissíveis, melhorar a capacidade física e mental e retardar a dependência de cuidados.
Ambientes físicos e sociais favoráveis também permitem que as pessoas façam o que é importante para elas, apesar das perdas de capacidade. A disponibilidade de edifícios públicos e transportes seguros e acessíveis, e locais onde é fácil caminhar, é exemplo de ambientes favoráveis.
Então, o que pode fazer para ajudar os idosos na sua vida a gerir a sua saúde, viver da forma mais independente possível e manter a qualidade de vida à medida que envelhecem?
Uma atitude cuidada com atenção ao estado de saúde geral é meio caminho andado para encontrar formas de gerir melhor os problemas de saúde que podem surgir.
Quais são os problemas de saúde mais comuns?
São muitas as complicações de saúde que podem surgir durante o processo de envelhecimento, que vão depender das condições socioeconómicas, além de fatores genéticos, entre outros fatores.
Mas as condições comuns na terceira idade incluem, por exemplo, a perda auditiva, cataratas e erros refrativos, dores nas costas e no pescoço e osteoartrite, doença pulmonar obstrutiva crónica, diabetes, depressão e demência.
À medida que as pessoas envelhecem, são também mais propensas a sofrer de várias condições de saúde ao mesmo tempo.
A idade mais avançada também é caracterizada pelo surgimento de várias condições de saúde complexas, comumente chamadas de síndromes geriátricas.
Elas são frequentemente consequência de múltiplos fatores subjacentes e incluem fragilidade, incontinência urinária, quedas, delírio e úlceras de pressão.
Alguns problemas de saúde comuns que os idosos enfrentam podem incluir:
Asma
Estima-se que uma pequena percentagem de pessoas com mais de 65 anos tenha asma, que causa inchaço e aperto das vias respiratórias nos pulmões. Os sintomas comuns são falta de ar, tosse, aperto no peito, chiado no peito e dificuldade em fazer exercício.
Entre os idosos, é comum que a asma não seja diagnosticada porque os sintomas podem ser confundidos com outros problemas, como problemas cardíacos ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).
A melhor forma de lidar com a asma inclui:
- Parar de fumar ou vaporizar
- Tomar as vacinas adequadas
- Evitar os fatores desencadeantes conhecidos da asma
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
Uma boa percentagem dos idosos com mais de 65 anos têm doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), que inclui duas condições principais: enfisema e bronquite crónica. A DPOC dificulta a respiração e causa falta de ar, tosse e aperto no peito.
As medidas para ajudar a controlar a DPOC incluem:
Para prevenir a DPOC, ou retardar a sua progressão, parar de fumar ou evitar o tabaco, é essencial.Tentar também evitar o fumo passivo, vapores químicos e poeira, que podem irritar os pulmões.
Quem já tem DPOC deve concluir os tratamentos prescritos pelo seu médico, tomar as vacinas contra a gripe e a pneumonia, conforme recomendado pelo médico, e continuar a manter-se ativo.
Depressão
Uma parte dos idosos sofre de depressão — uma condição médica tratável que não é uma parte normal do envelhecimento.
A depressão causa sentimentos persistentes de tristeza, pessimismo, desesperança, fadiga, dificuldade em tomar decisões, alterações no apetite, perda de interesse em atividades e muito mais.
Formas de lidar com a depressão incluem:
Controlar os níveis de stress
Procurar a família e os amigos durante os períodos difíceis e considerar a meditação regular.
Ter uma alimentação saudável
O que a pessoa ingere pode afetar o seu humor, por isso escolher alimentos ricos em nutrientes e que promovam a libertação de endorfinas e outras substâncias químicas que promovem o bem-estar, e limitar o consumo de álcool, cafeína, adoçantes artificiais e alimentos altamente processados, é extremamente importante.
Manter a atividade física
O exercício tem vários benefícios físicos e psicológicos, incluindo a melhoria do humor através da libertação de endorfinas e outras substâncias químicas cerebrais que promovem o bem-estar, o aumento da autoconfiança e da autoestima.
E ainda, através do cumprimento de objetivos e da melhoria da aparência física, e o aumento da socialização através de interações em ginásios e aulas em grupo.
Falar com o médico
Se o idoso tiver experimentado algum dos sinais de alerta da depressão, deve falar com o médico e perguntar sobre as suas opções de tratamento. Medicamentos antidepressivos ou psicoterapia podem ser adequados.
Se o idoso estiver em grave sofrimento emocional, uma das primeiras coisas que deve fazer é contar a alguém sobre isso, como um amigo de confiança ou um membro da família.
Também pode ligar ou enviar uma mensagem de texto para os números nacionais disponíveis para falar com um conselheiro especialmente treinado em prevenção.
Doenças cardíacas
Muitos idosos têm doença cardíaca — uma condição que ocorre quando o coração não consegue fornecer sangue e oxigénio adequadamente a todos os órgãos do corpo.
O coração pode aumentar de tamanho, desenvolver mais massa muscular ou bombear mais rapidamente para atender às necessidades do corpo, fazendo com que a pessoa se sinta cansada, tonta, enjoada, confusa ou sem apetite.
Formas de lidar com os problemas de coração:
A melhor prevenção é seguir as recomendações do médico para diminuir o risco de doença cardíaca coronária e hipertensão arterial.
Outras medidas incluem:
- Evitar gorduras saturadas e trans e limitar a ingestão de açúcar e sal
- Dormir de sete a oito horas por noite
- Manter os níveis de stress sob controlo
- Fazer exercícios cardiovasculares regulares
- Evitar fumar
- Conversar com o médico sobre os principais fatores de risco, incluindo colesterol alto e hipertensão arterial
Cancro
O cancro afeta bastantes idosos. Os exames de rotina são importantes para detetar a doença nos seus estágios iniciais, mais tratáveis. O médico pode dar recomendações sobre quais exames são adequados para cada caso.
Dicas para a prevenção do cancro incluem:
- Usar protetor solar
- Evitar o tabaco
- Limitar o consumo de álcool
- Manter um peso saudável
- Praticar exercícios regularmente
Diabetes
Esta doença ocorre quando o corpo é resistente à insulina ou não a produz em quantidade suficiente. A insulina é o que o corpo usa para obter energia dos alimentos e distribuí-la às células.
Quando isso não acontece, a pessoa fica com o nível de açúcar no sangue elevado, o que pode levar a complicações como doença renal, doença cardíaca ou cegueira. As chances de ter diabetes aumentam após os 45 anos.
Medidas que podem ajudar a evitar o desenvolvimento de diabetes ou para controlar a doença:
- Ter uma alimentação saudável, incluindo monitorizar a ingestão de hidratos de carbono e calorias, e conversar com o médico sobre o consumo de álcool
- Fazer exercício durante 30 minutos, cinco vezes por semana, para manter os níveis de glicose no sangue sob controlo e controlar o aumento de peso
- Perder entre 5 a 7% do peso corporal de forma segura, se o idoso for diagnosticado com pré-diabetes
Obesidade
Cerca de 30% das pessoas com 65 anos ou mais vivem com obesidade, uma doença crónica associada a mais de 200 problemas de saúde.
Formas para retardar o aparecimento da obesidade ou controlar os sintomas:
- Compreender quais os tratamentos para a obesidade que estão disponíveis
- Capacitar-se com conhecimentos sobre nutrição
- Educar os outros e ser o próprio defensor e cuidador
Artrite
Cerca de metade dos idosos vive com artrite — uma inflamação das articulações que causa dor e rigidez e é mais comum nas mulheres.
Passos para retardar o aparecimento da artrite ou controlar os sintomas:
- Fazer exercício pelo menos cinco vezes por semana, durante 30 minutos de cada vez, para melhorar a função e diminuir a dor
- Tentar incluir uma mistura de movimentos aeróbicos, de fortalecimento muscular e de alongamento.
- Manter-se dentro do peso recomendado para a altura — perder meio quilo pode remover dois quilos de pressão sobre os joelhos, por exemplo
- Certificar-se de que as costas, pernas e braços estão sempre apoiados
- Tomar precauções para evitar lesões nas articulações
- Não fumar
Colesterol alto
Muitos idosos têm colesterol alto — uma condição que ocorre quando o corpo tem um excesso de gorduras ruins ou lipídios, resultando no entupimento das artérias, o que pode levar a doenças cardíacas.
Medidas para prevenir ou controlar o colesterol alto:
- Evitar fumar e consumir álcool em excesso
- Ser ativo todos os dias
- Controlar o peso
- Minimizar as gorduras saturadas e trans na dieta
Pressão arterial alta
Muitas pessoas idosas têm hipertensão — uma condição comum que envolve tanto a quantidade de sangue que o coração bombeia quanto a resistência das artérias ao fluxo sanguíneo.
Quando o coração bombeia muito sangue e as artérias são estreitas e resistem ao fluxo, ocorre hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta.
O perigo da hipertensão não é apenas o facto de poder tê-la durante anos sem saber, mas também de poder causar outras condições de saúde graves, como acidentes vasculares cerebrais e ataques cardíacos.
Medidas para prevenir ou reduzir a pressão alta:
- Manter um peso saudável. Perder apenas 4,5 kg pode reduzir a pressão arterial
- Regular os níveis de stress
- Limitar o consumo de sal e álcool
- Praticar exercícios diariamente, incluindo uma combinação de atividades aeróbicas de intensidade moderada a vigorosa, flexibilidade e alongamento, e fortalecimento muscular
- Verificar a pressão arterial regularmente — quanto mais cedo se detetar a pré-hipertensão, mais provável será prevenir a hipertensão arterial
Medidas complementares para ajudar a lidar melhor com os problemas de saúde
À medida que o envelhecimento progride, a probabilidade de limitações físicas aumenta.
Podemos sofrer redução da visão, audição, equilíbrio corporal, nível de energia, agilidade corporal ou força física.
O sistema imunitário também pode não funcionar tão bem. Algumas alterações na saúde do coração e dos vasos sanguíneos também ocorrem com a idade.
Além disso, o aumento da prevalência de doenças crónicas, também leva a uma redução ainda maior da mobilidade e da capacidade de funcionar de forma independente na vida cotidiana.
Com as estratégias certas e a intervenção precoce, os idosos com limitações físicas podem ser capacitados a viver uma vida plena, com envolvimento ativo e participação nas atividades diárias.
Assim, promover a independência e manter os idosos ativos na comunidade tornou-se um objetivo crucial para uma vida de qualidade.
Além das já mencionadas, estas medidas complementares também podem ser uma ajuda útil:
Redesenhar as rotinas diárias
Um idoso mantém uma rotina regular como parte de um estilo de vida saudável. Para que possa permanecer fisicamente ativo e independente, é essencial fazer mudanças saudáveis na vida diária.
Isso inclui planear cada dia com foco na conclusão de tarefas de maior prioridade, o que também o ajuda a manter um forte sentido de controlo sobre a sua vida.
Deve reservar-se tempo para listar as tarefas que deseja realizar e priorizá-las de acordo com a sua importância. Isto ajuda a reduzir o estresse mental, bem como a concretizar a realização das tarefas.
Por exemplo, as tarefas importantes devem ser concluídas de manhã cedo, quando a energia está no nível máximo. Em seguida, devem ser realizadas as tarefas menos importantes. Incorporar pausas frequentes na programação diária também ajuda a garantir que os níveis de energia durem mais tempo.
Promover uma vida diária mais fácil
Guardar os objetos após o uso ajuda a evitar quedas. O uso de alças embutidas ou punhos universais em talheres pode ajudar quem tem dificuldade de preensão a se alimentar sozinho.
Itens como esponja de cabo longo, botão e calçadeira podem ser usados no banho e ao vestir. Esses equipamentos permitem que idosos com rigidez no tronco ou nos membros superiores realizem tarefas diárias sentados em segurança.
Máquinas de lavar com abertura frontal e varais portáteis de baixa altura facilitam o gerenciamento da roupa suja. Reposicionar micro-ondas e fogões de indução numa altura mais baixa também promove a preparação simples de refeições para idosos em cadeiras de rodas.
Melhorar a visão
Com a visão reduzida, é essencial que sejam utilizadas fontes maiores para ajudar os idosos a ler melhor.
Isto inclui ampliar as datas de validade dos alimentos e medicamentos, bem como utilizar telefones ou interruptores de luz com números ou botões ampliados. A utilização de lupas pode ajudá-los a ler jornais ou etiquetas.
Uma boa iluminação em toda a casa, como luzes noturnas ao longo das escadas, quartos e casas de banho, permite que os idosos se movimentem com segurança e independência pelos seus espaços habitacionais.
O uso adequado de contraste, como destacar as bordas de degraus com fita ou tinta fluorescente, também pode aumentar a consciência sobre possíveis perigos.
Criar uma casa segura
Corrimãos na casa de banho podem ajudar a prevenir quedas. As quedas podem ameaçar a saúde e a independência dos idosos. Por isso, criar um ambiente de vida seguro pode aumentar a sua capacidade de permanecerem independentes.
Para reduzir as quedas acidentais, pode-se remover a desordem em casa, bem como reorganizar os móveis para alargar os corredores. Os fios e cabos soltos devem ser amarrados ou colados à parede ou ao chão.
Considerar colocar tapetes antiderrapantes em áreas molhadas da casa, instalar barras de apoio nas casas de banho e usar cadeiras de banho ou cadeiras sanitárias para aumentar a segurança dos idosos com limitações físicas.
Através do uso adequado de equipamentos adaptativos e adequados, pode-se reduzir significativamente o risco de quedas em casa.
Desenvolver bem-estar social positivo
Manter uma mente aberta para explorar atividades novas e significativas pode criar um impacto positivo no bem-estar físico e mental dos idosos.
Aprender uma nova habilidade ou escolher uma nova atividade de lazer, como balé para idosos, dança folclórica, caligrafia ou até mesmo apreciação de chá, são tudo boas opções. A aprendizagem contínua e ao longo da vida ajuda a manter a agilidade mental.
Com a disponibilidade da Internet e das redes sociais, os idosos também podem aceder facilmente a serviços diversos, expandir a sua rede social e participar ativamente em novas atividades sociais.
Também podem fazer novos amigos e renovar as suas relações com os amigos. Isto pode fortalecer ainda mais a sua rede social e melhorar a sua qualidade de vida.
Conclusão
As limitações físicas na velhice podem ser inevitáveis. No entanto, criar uma participação bem-sucedida na vida diária pode melhorar a experiência da velhice e a autoconfiança.
Embora algumas das variações na saúde dos idosos sejam genéticas, a maioria deve-se aos ambientes físicos e sociais das pessoas — incluindo as suas casas, bairros e comunidades, bem como as suas características pessoais — tais como o sexo, a etnia ou o estatuto socioeconómico.
Os ambientes em que as pessoas vivem quando crianças, combinados com as suas características pessoais, têm efeitos a longo prazo sobre a forma como envelhecem.
E também os comportamentos e escolhas feitas ao longo da vida. A ciência moderna e os avanços na medicina tornaram possível que as pessoas vivam mais tempo com melhores serviços de saúde, mas isso não significa que os idosos possam confiar apenas na medicina moderna para se manterem saudáveis.
Devem ter também uma atitude proativa e continuar a comer de forma saudável, comendo mais frutas e vegetais e evitando gorduras não saudáveis, como gorduras saturadas, e manterem-se seguros enquanto levam um estilo de vida ativo e saudável, independentemente da idade.
As mudanças de comportamento podem ser difíceis e levar algum tempo, por isso é necessária alguma paciência; no entanto, se algo não estiver a funcionar imediatamente, persistir ou tentar uma abordagem diferente.
Para alcançar um envelhecimento mais saudável e com maior qualidade de vida, vale a pena adotar medidas e estratégias que facilitem todo o processo.
Juntos Cuidamos Melhor!
Referências:
- Organização Mundial de Saúde
- The National Council on Aging